TED: a educação do século XXI

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Clique na imagem para ver original. Postado em Flickr por TED Conferences.

Vancouver. 1500 pessoas de mais de 80 países reunidas em uma mesmo local. Mais de 1000 cinemas, inúmeras bibliotecas e livrarias, mais de 300 eventos TEDx por todo o mundo, e milhares assistindo pelo TEDLive a transmissão ao vivo da maior conferência realizada no mundo. Com uma rede global de pensadores, artistas, empreendedores, CEOs, autores, jornalistas, engenheiros, neurocientistas e economistas, TED já foi comparado à educação de uma Ivy League do século XXI. 

Ideia: algo que remodela o cérebro de alguém e que, potencialmente, pode mudar o seu comportamento” – Chris Anderson, curador de TED

TED2016 com o tema “Dream” (Sonho, em português), realizado durante os dias 15 e 19 de fevereiro, pode ser facilmente comparado às antigas Feiras Mundiais que ocorriam no século XIX. À exemplo, pode-se citar a TEDTalk de Astro Teller do Google X. Sua palestra apresentou o problema de carros automáticos que vão para o destino especificado sem necessidade de qualquer ação humana durante o percurso. No entanto, nas primeiras etapas desse ambicioso sonho, quando o carro apresentava algum problema o passageiro teria que assumir o controle. Problema dessa situação: nem sempre o passageiro estava com atenção o suficiente para assumir o controle. Qual a solução para isso? Logicamente, deve-se criar mecanismos que aumentem a atenção do “motorista” e retirar o maior número de distrações presentes no veículo. Errado! Teller com sua equipe desenvolveu um carro 100% automático que não necessita de nenhuma intervenção humana em nenhum momento. Esse mindset não esteve presente apenas nessa palestra, mas na conferência como um todo. Basicamente, não nade no sentido contrário à correnteza. Facilite sempre!

Outro tema que ganho especial atenção foi a biotecnologia. A medicina personalizada, a edição genética, CRISPR, saúde em países desenvolvidos e em desenvolvimento, tiveram grande destaque. Livros com o sequenciamento genético completo de um ser-humano; proposição de mosquitos geneticamente modificados para combater malária, dengue, zika; e o projeto inovador da Fundação Bill e Melinda Gates na África,  foram levados ao tapete circular vermelho. Economia compartilhada e disruptiva também tiveram seu espaço. Os fundadores de Airbnb -“air bed and breakfast” que significa, em português, colchão de ar e café da manhã – e Uber falaram sobre suas empresas, inspirações, como tudo começou e os desafios presentes. Além disso, outros dois palestrantes redefiniram o American dream (o sonho americano).

Porém, sem dúvida alguma, a TEDTalk do prêmio Nobel e ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, fazendo um update de sua famosa palestra de 2006 sobre o aquecimento global, foi aterrorizante. Com seu estilo único e que transmite confiança, Al Gore mostrou os dados alarmantes atuais e o quanto o atividade humana está impactando na biosfera. Ao final deixou um fio de esperança para revertermos o quadro, mas deixou claro que devem ser tomadas ações rápidas e eficientes para preservarmos a nossa espécia e toda a vida na Terra. Outra palestrante, responsável pela COP21, citou os desafios e a responsabilidade que estavam em suas mãos durante o encontro de líderes de todo o mundo em Paris.

Em termos tecnológicos, AR (augmented reality) e VR (virtual reality) podem ser declaradas como tecnologias do presente! Um neurocientista e cientista computacional de Columbia apresentou seu óculos de AR. Alex Kipman, da Microsoft, fez uma demonstração ao vivo do Hololens, o óculos de AR que tem sido centro de polêmica nos últimos meses. 

Como muitos sabem, TED é uma das conferências mais caras do mundo e conhecida pela sua capacidade de conectar pessoas. Bilionários e multimilionários constituem uma grande parte de seu público. TED, acima de tudo, não quer que seu público concorde com todas as ideias apresentas, mas quer que eles pensem pelo menos por um instante por um outro ponto de vista e reflitam sobre o tema tratado. Algumas lições desses cinco dias podem ser levadas para a vida, como: mais conexões e mais comércio entre os países geram menos conflitos; globalização é excelente; menor nível de pessoas vivendo abaixo da linha da miséria em toda a história; converse com estranhos; aprenda a programar o mais rápido possível; e fale mais de uma língua estrangeira. As inscrições para TED2017 já estão abertas. TED é um evento caro (o ingresso mais barato sai por 8.500 dólares), mas as experiências e pessoas presentes nessa conferência global não têm preço. Abaixo, algumas TEDTalks de TED2016 já publicadas até o momento em que foi escrito esse post.Divirta-se!

 

 

Vizinhos distantes: Brasil e América Latina

Uma pesquisa recente trouxe a comprovação do que muitos já esperavam: Os brasileiros não se consideram latinos. Eis um fato que já vinha sendo especulado há anos, mas porque isso ocorre?

O “gigante latino”  compartilha muito com seus vizinhos, desde sua história ao sistema de governo atual, passando por idiomas em comum e a própria geografia local. A América Latina se dá por grande parte do continente americano em si, e divergem de uma história que já fora comum entre os atuais países. Com isso, temos estereótipos latinos, que não deixam de ter seu fundo de verdade na sociologia local, seja nos trópicos ou no alto do Andes.

Em relação ao Brasil, trazemos hoje, algo de especial, que sempre esteve relacionado ao modo de visão brasileiro. Eis a única nação cujo idioma oficial é o português, e mesmo se tratando de um idioma derivado do latim, a comunidade lusófona o faz diferente dos demais vizinhos latinos, cujo idioma principal predominante é o espanhol. Obviamente, não temos aqui o único motivo de rejeição do provo brasileiro em relação a sua sociologia latina.

Os resultados da pesquisa estão na edição 2014/2015 do projeto The Americas and the World: Public Opinion and Foreign Policy, cuja confirmação do dito anteriormente se deu por completa. Apenas 4% dos brasileiros se definem como latino-americanos, ante uma média de 43% em outros seis países latinos, algo que isola o país em relação aos seus “vizinhos”.  Na verdade, o idioma não seria o primeiro motivo para o ocorrido, certamente o mais notável, mas não se dá como único ou mais importante. “A primeira explicação é a colonização. América Latina sempre se associou à colonização espanhola, e isso já gera uma divisão com o passado português do Brasil”, afirma o argentino Fernando Mourón, pesquisador do Centro de Estudo das Negociações Internacionais da USP e participante do estudo regional – BBC Brasil. A colonização em si deixa uma marca na América Latina, cujo método se deu pela exploração, na maioria das localidades. Porém , os países que o fizeram diferem o comportamento brasileiro perante ao resto. Portugal deixou uma marca permanente no cotidiano dos brasileiros, que consideram-se lusófonos, fator essencial para a negação brasileira em relação a sua identidade latina.

Na verdade, o próprio tamanho territorial brasileiro tem sua parcela de contribuição. O povo brasileiro vê a si mesmo como demasiadamente diverso, sendo em relação a sua geografia ou mesmo história, ainda que perante uma única nacionalidade. Este é um fator dificilmente visado da dita nação ao resto do continente latino, fazendo com que, muitas vezes, Colombianos, Venezuelanos, Paraguaios ou Uruguaios sejam vistos como um único povo sem diferenças relevantes entre si, sendo como uma única nação.

Mesmo assim, é de se ressaltar o fato do Brasil se considerar como líder nato latino, como a grande potência econômica local, e muitas vezes, como a potência social.

Questionados sobre qual país deveria assumir uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, caso o órgão abrisse uma vaga para a América Latina, por exemplo, a maioria dos brasileiros (66%) indicou o próprio país. pib brasil latina

Algo que trazemos em função de ainda sermos, economicamente, o país mais rico entre os latinos. Com isso, a própria América latina reconhece o Brasil como principal candidato para tal cargo, pois que  também foi a primeira opção dos entrevistados nos demais países do estudo, exceto as outras duas maiores economias, Argentina e México, onde os moradores também “elegeram” seus próprios países, com 60% e 54%, respectivamente. Fato que surpreende quando levemos em consideração a crise vivida nos últimos anos no país lusófono. “Para os autores da pesquisa, os resultados comprovam, com dados de opinião pública, o que historiadores e cientistas sociais já apontavam: a auto identificação do brasileiro é tênue e ambivalente, marcada pela percepção de pertencer a uma nação diferente dos vizinhos, seja pela experiência colonial, língua ou processo de independência distinto”. – UOL.

Saiba mais em:

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/12/brasileiro-despreza-identidade-latina-mas-quer-lideranca-regional-aponta-pesquisa.html

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151217_brasil_latinos_tg

https://www.youtube.com/watch?v=kGjBVK-1HWk

 

 

 

Brasil e seus refugiados

Como é ser um refugiado no Brasil?

Já é fato que todos temos a mínima percepção em relação à magnitude do problema humanitário vivido por diversos países e culturas ao redor do globo. Nos últimos meses, algo mais vem tomando nossa consciência. Eis a crise migratória e humanitária vivida, principalmente, pelos países do Oriente Médio e norte da África, rumo ao tão sonhado sistema europeu, local onde a maioria dos refugiados tenta recomeçar uma vida para que o mínimo de dignidade seja alcançado.

Como já dito, teoricamente, países já desenvolvidos cujo potencial econômico e social são mesclados para que haja uma concordância para a qualidade de vida são majoritariamente visados pelos imigrantes. Mas há outras oportunidades? Sim, e aqui começamos a pauta a respeito do Brasil.

Mesmo diante da crise vivida, há de se considerar que o Brasil ainda mantém-se como a grande economia Latina, trazendo uma influência econômica, e muitas vezes social, não somente na América do Sul, mas também em toda a região latina já propriamente dita. Eis um dos principais fatores que transformam o Brasil no principal foco para os imigrantes em toda a América Latina.

Segundo o Conare (órgão responsável), 2.077 sírios receberam asilo brasileiro nos últimos 5 anos, o que faz com que a nacionalidade síria seja a mais comum entre os imigrantes em todo o Brasil, à frente da angolana e a congolesa e superior a países como os EUA, onde 1.243 refugiados foram reconhecidos no mesmo período de tempo.

Ainda em relação ao sírios, muitas organizações tentam adotar o sistema de acolhimento brasileiro, pois o têm em mente como “pioneiro”. O vídeo demonstra um pouco mais sobre o acontecido e como é visado.

Mas qual seria o real motivo para que houvesse tamanha recorrência de Sírios ao Brasil, mesmo com as dificuldades enfrentadas, como a própria distância e idioma? Na verdade, tal fato se dá por motivos bem mais simples. O governo brasileiro mantém uma política de controle e imigração em relação aos sírios bem diferente da maioria dos países, o que facilita demasiadamente a entrada dos mesmos em nosso território, e transformando o Brasil no segundo maior foco para os ditos refugiados em toda a América, só perde para o Canadá, 2.374 refugiados

O Brasil tem mantido uma política de portas abertas para os refugiados sírios. O número ainda é baixo, em muito devido à localização geográfica. Mas sem dúvida se trata de um exemplo a ser seguido a nível mundial”, afirmou Andrés Ramirez.- Acnur (Agência da ONU para Refugiados).

Também é fato dizer que, mesmo que os sírios sejam em maior número, obviamente não são os únicos. Nos últimos anos o território brasileiro vem recebendo imigrantes de todo o planeta. Por conta da localização geográfica seria mais fácil se todos fossem apenas vindos de países da América do Sul e Latina, mas certamente a situação não é tão restrita.

brasil refugiados acnurCom dados de 2014, o Brasil possui atualmente 7.289 refugiados reconhecidos, de 81 nacionalidades distintas, e algo que há de surpreender é que apenas 25% são mulheres, CONARE. Por conta da possível oportunidade de empregos e, consequentemente uma melhora de vida, o estado de São Paulo concentra a maioria dos casos de asilo, 26% dos pedidos foram feitos ao estado. Mas não apenas a região sudeste os recebe, Acre soma 22%, Rio Grande do Sul 17% e Paraná 12%. Regionalmente, estão concentradas nas regiões Sul (35%), Sudeste (31%) e Norte (25%).

Racismo: De onde vem?

Logo ao começar precisamos levar em consideração que esta não é uma discussão política e muito menos racial. Apenas trataremos o assunto “racismo” em si, trazendo sua história e distinção política e/ou social.

Segundo o dicionário, racismo seria um “conjunto de crenças que estabelecem uma hierarquia entre raças”, mas deixando em aberto, nesse sentido, seria apenas outra hipótese científica/social. Hoje, mostraremos que tal segregação não se trata de uma teoria, e sim de uma realidade história, e assim, mostraremos suas origens e vertentes.

Durante toda a evolução humana e vivência conjunta, povos foram atribuindo pensamentos comuns a respeito de outros, muitas vezes ajudando numa comunicação e desenvolvimento mútuo, mas também (muitas vezes) trazendo certos problemas a ambos.

Num contexto evolutivo, estereótipos foram de demasiada importância para nossa sobrevivência, pois aquele indivíduo que teve em mente que tocar o fogo lhe traz queimaduras não precisou testar a cada vez que a utilização da fogueira fosse necessária, e passando tal informação, seus descendentes não precisariam se preocupar em relação a um novo aprendizado sobre aquele assunto já tratado antes.

Nosso cérebro utiliza dessas informações na criação de estereótipos para uma facilitação de convivência não apenas individual, mas também coletiva. “O problema acontece quando atribuímos valores, comportamentos, emoções ou atitudes a um estereótipo sem justificativa.” – Átila Iamarino (biólogo). Essas atribuições foram feitas em determinados povos e sociedades durante toda a história humana, derivando o preconceito vivido nos últimos tempos.

No vídeo demonstrado, podemos ter em mente que uma segregação racial é algo quase “natural”, trazendo o racismo aos pensamentos de crianças, e com elas, um preconceito social se dá por continuar. Assim, vemos que o preconceito por si só já se explica: Um “pré conceito”. Não é possível trazer um pensamento concreto e verdadeiro quando não conhecemos o assunto desejado (ou a sociedade, a etnia tratada). Com isso, o pensamento que temos sobre determinado povo limita-se ao estereótipo feito por uma determinada população.

Não são necessários muitos exemplos para possamos perceber que o racismo se torna algo natural em nosso cotidiano. Trabalhos de baixa remuneração são, em maior porcentagem, ocupados por negros, que foram por séculos escravizados por unicamente pensamentos que tinham um preconceito como base.

E não apenas a sociedade tem sua culpa, a ciência já tratara de pesquisas antropológicas ao longo dos séculos em função de uma “raça superior”, cuja ideia foi um pilar da 2º Guerra Mundial. A mídia em si trata o preconceito como algo normal e necessário para uma popularização do produto; vilão russo, super-herói branco, americano rico, bonecas loiras, dentre outros.

Assim, o racismo e segregação se tornam naturais de uma sociedade, fazendo com o seu reconhecimento e uma educação perante a isso se tornem a base de uma mudança social.

Brasil: economia e sociedade

Em muitos países, como nos Estados Unidos, conversas sobre economia e a inserção do pensamento econômico no mindset da população é muito maior do que no Brasil. Aqui, ainda mantemos uma cultura a qual o dinheiro e o empreendedorismo são vistos como maléficos e princípios geradores de todas as mazelas que perpetuam-se na sociedade brasileira.

Alguns historiadores atribuem isso à diferença de colonização, já que nos EUA houve a colônia de povoamento com protestantes fugidos da Inglaterra no seu período pré-revolução industrial, durante o reinado da rainha Maria I, católica. Já no Brasil, houve forte presença dos católicos com especial atuação da Companhia de Jesus, com os famosos jesuítas, com destaque para os padres Antônio Vieira e Anchieta.

Outros atribuem ao predomínio de uma leitura histórica e social na América Latina, a qual nos vitimizamos a todo momento, justificando nosso atraso econômico e social nas explorações e no colonialismo dos antigos e atuais impérios (destaque para As Veias Abertas da América Latina de Eduardo Galeno).

Enfim, deixamos claro que as opiniões acima não refletem necessariamente as visões do interconectado. Abaixo, deixamos duas TEDxTalks realizadas no Brasil, ambas em São Paulo, no mesmo evento, mas em diferentes anos. Em uma discute-se a ausência do planejamento econômico na mente feminina, apesar de as mulheres dominarem a responsabilidade econômica na maioria dos lares brasileiros, assumindo uma nova posição em uma sociedade marcada historicamente pelo patriarcalismo. A outra discute sobre auto-estima e a necessidade constante da Felicidade, a palestrante em certo momento comenta sobre a América Latina, em especial o Brasil, e faz uma breve comentário sobre a experiência que teve em New Orleans após o tornado Katrina e a diferença de ação da população perante tal infeliz desastre. Ambas, valem a pena assistir, mesmo se descordar, a pulga atrás da orelha e o questionamento são faculdades humanas essencias para o desenvolvimento do intelecto. Divirta-se!

William Shakespeare

“So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.”

William Shakespeare, sábio conhecedor da mente humana. Clique na imagem para ver original.

Os versos acima pertencem a um poema reconhecido por ser uma das formas mais puras de expressão do amor. Sim, senhoras e senhores, estamos falando de William Shakespeare um dos maiores escritores do mundo – senão o maior escritor. Seu poema é um soneto – forma clássica de estruturação de um poema com dois tercetos e dois quartetos – conhecido como soneto XVIII ou como “Shall I compare thee to a summer’s day?” (áudio com perfeita com dicção aqui). Antes, porém, deixo claro que caso não compreenda por completo a linguagem utilizada, afirmo para contentamento geral da nação, que até para americanos e ingleses Shakespeare é difícil de ser entendido. Acredita-se que cerca de 2000 mil palavras tenham sido inventadas pelo autor. Então, analise com calma cada trecho e busque retirar a sutileza de cada verso.

Shall I compare thee to a summer’s day?
Thou art more lovely and more temperate;
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer’s lease hath all too short a date;
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm’d;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature’s changing course untrimm’d;
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow’st;
Nor shall Death brag thou wander’st in his shade,
When in eternal lines to time thou grow’st:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.

Esse soneto foi escrito, de acordo com alguns estudiosos de Shakespeare, em homenagem à morte de seu filho Hamnet que morreu com 11 anos de idade. Ainda segundo esses estudiosos, Shakespeare para demonstrar seu amor e sua dor foi fazer aquilo que melhor sabia para homenagear seu filho: escrever.

Atualmente, o autor inglês não é muito comentado em escolas de ensino básico por não ser cobrado em vestibulares e demais testes acadêmicos, no entanto, seu caráter é universal e trata de assuntos anacrônicos intrínsecos ao ser-humano.

Shakespeare utiliza sua escrita para unir o baixo com o sublime, parafraseando Leandro Karnal, e assim criando personagens complexos e profundos. Shakespeare leva seu leitor ou espectador de sua peça a uma viagem fascinante que prende a mente e o coração levando o indivíduo a refletir a existência humana e nossos mais profundos e sórdidos desejos. Para o bem e para o mal. O autor inglês compreende o homem como poucos em toda a história puderam ver. Recomendo, antes de continuar a ler esse post, escutar a música Song for Bassanio do filme O Mercador de Veneza baseado na obra homônima. A canção foi escrita por Shakespeare, mas sua melodia foi idealizada especialmente para o filme.

Enfim, seus textos devem ser lidos e relidos durante toda a vida, com olhar crítico e humano, percebendo a sutiliza e rispidez do mundo em suas obras. Abaixo está um vídeo de Leandro Karnal, professor de História da Unicamp, analisando a obra Hamlet e contextualizando com os dias atuais. É longo, porém é tempo bem investido.

Em Ricardo III, Shakespeare retrata Ricardo como um ser vil e com graves deficiências físicas. Uma excelente interpretação disponível para o grande público é a da Academia Real Shakespeariana (Royal Shakespeare Society) que disponibilizo abaixo seguidamente com o texto na íntegra. Trata-se da primeira cena, primeiro ato.

ACT I

SCENE I. London. A street.

Enter GLOUCESTER, solus

GLOUCESTER

Now is the winter of our discontent
Made glorious summer by this sun of York;
And all the clouds that lour’d upon our house
In the deep bosom of the ocean buried.
Now are our brows bound with victorious wreaths;
Our bruised arms hung up for monuments;
Our stern alarums changed to merry meetings,
Our dreadful marches to delightful measures.
Grim-visaged war hath smooth’d his wrinkled front;
And now, instead of mounting barded steeds
To fright the souls of fearful adversaries,
He capers nimbly in a lady’s chamber
To the lascivious pleasing of a lute.
But I, that am not shaped for sportive tricks,
Nor made to court an amorous looking-glass;
I, that am rudely stamp’d, and want love’s majesty
To strut before a wanton ambling nymph;
I, that am curtail’d of this fair proportion,
Cheated of feature by dissembling nature,
Deformed, unfinish’d, sent before my time
Into this breathing world, scarce half made up,
And that so lamely and unfashionable
That dogs bark at me as I halt by them;
Why, I, in this weak piping time of peace,
Have no delight to pass away the time,
Unless to spy my shadow in the sun
And descant on mine own deformity:
And therefore, since I cannot prove a lover,
To entertain these fair well-spoken days,
I am determined to prove a villain
And hate the idle pleasures of these days.

Agora, para finalizar deixo um trecho do filme Hamlet de 1948, com Laurence Oliver, que contém uma das melhores dicções de todos os tempos.

Machado de Assis, Neurociência, Abraham Lincoln e Direitos dos Animais

Machado de Assis

Machado de Assis

Muitas pessoas não gostam de Machado de Assis e da literatura do século XIX como um todo. Se você é uma dessas pessoas, convido você a olhar Machado de outra forma. Quando ler os textos do “Bruxo do Cosme Velho”, apelido do autor, analise a sutileza, sua ironia fina e humor negro presente no seus textos. Suas obras são atemporais, ou seja, discutem a condição humana como um todo, assim como Eça de Queirós, nascido em Póvoa de Varzim em Portugal, Dostoiévski e Tolstói.

“A melhor definição de amor não vale um beijo de moça namorada” Machado de Assis

Machado me encanta desde pequeno e seu humor carrego como uma visão de mundo, debochada e sagaz, mas que trás um certo brilho e beleza à vida.

Se você já é um amante da literatura e rato de biblioteca, talvez conheça os textos que aqui colocarei, e convido a reler de novo esses textos que são obras-primas de nossa língua.

“Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado.” Machado de Assis

Antes, porém, gostaria de falar um pouco sobre Machado de Assis. Pelo que sei, era mulato, pobre e carioca. Não chegou a frequentar escola, mas ficava do lado de fora de uma, próximo à janela para ouvir a professora “ensinando as letras”. Mais tarde, tornou-se crítico em um jornal, alguns estudiosos de Machado alegam que a obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi escrita após um certo “ciúme” (não sei se é essa seria a palavra a certa, mas é capaz de dar a ideia geral) de Eça de Queirós com “A Cidade e as Serras”. Além disso, Machado chegou a enviar uma carta a Dostoiévski, carta essa que mais tarde o escritor russo respondeu. Escreveu poemas, teatros, crônicas e traduziu obras, como “O Corvo” de Edgar Allan Poe. Não menos inportante, também defendeu os direitos dos animais, como exposto em artigo publicado em “Scientific American Brasil”. Machado tem algum grau de semelhança com Abraham Lincoln, 16º Presidente dos Estados Unidos da América,  pois Lincoln é conhecido na América como “self-made man”, o homem que se fez sozinho, o mesmo ocorreu com nosso grande escritor.

“Suporta-se com paciência a cólica do próximo” Machado de Assis

Machado de Assis era casado com uma mulher chamada Carolina. Esse homem sofria seriamente de epilepsia, e ainda quando levada em consideração as descobertas recentes de hipergrafia relacionado à epilepsia causada  pelo lobo temporal , muitos pesquisadores desconfiam que essa relação seja a causa das obras de Machado e Dostoiévski.

Lobo temporal

Deixo aqui o link para os textos em PDF disponível em Domínio Público. Selecionei quatro textos curtos, porém geniais. Recomendo a leitura de todos, principalmente “O Espelho”.

Para saber mais:

Democracia

Há algo que devemos admitir: a população brasileira tem se interessado por política como nunca! Tanto os mais jovens  quanto os mais velhos conscientizaram-se sobre a importância da política para todos. Logo, não há como não lembrar o poema de Brecht.

O analfabeto político

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.

O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.”

Bertolt Brecht, poeta alemão

Se não fosse a atual conscientização, os protestos que levantaram todo o Brasil em Junho/Julho de 2013 e os recentes protestos em 2015, não teriam acontecido. Muitas vezes, durante essas datas os temas principais das manifestações foi parar no Trend Topics do Twitter e na lista dos termos mais pesquisados no Google.

Acredito, que a base dessa nova posição frente ao mundo (noção de “responsabilidade social”, como dizia Jean-Paul Sartre, filósofo ativista francês), deve-se à globalização e à “ocidentalização” constante do mundo. A internet, para o bem e para o mal, transformou o mundo, permitiu o acesso a mais informações, de forma mais igualitária e mais rápida.

Enfim, toda essa enrolação é para introduzir um tema que é de interesse de todos os cidadãos: a Democracia.

Primeiramente, recomendo a TED Talk de Michael Sandel, professor do curso Justiça em Harvard University. Nesse vídeo ele discute sobre o papel da democracia hoje e compara com a sua origem na Grécia. É importante deixar claro que se você compreende a língua inglesa, recomendo que assista aos vídeos em inglês para “matar dois coelhos com uma cajadada só” – aprender sobre democracia e melhorar o inglês. No entanto, se não entende, basta clicar no canto inferior direito em subtitle e selecionar portuguese, Brazilian.

O segundo vídeo é também um TED Talk que discute a importância da democracia, e, apesar dos seus inúmeros defeitos, continua sendo a melhor forma de manter o respeito, a dignidade humana e a pluralidade de visões e opiniões.

Acredito que esses vídeos tenham fornecido uma reflexão um pouco mais profunda quando contrastada com a superficialidade vivida por todos nós no dia a dia das grandes cidades. A democracia e a política são questões que todo cidadão deve saber e sempre aprender mais sobre essas duas durante todo o curso de sua vida. Afinal, viver em sociedade é preciso e necessário.

OBS.: É grande o desejo de discutir nesse mesmo post o Direito e a Ética, assuntos que fazem parte da santíssima trindade do mundo contemporâneo, no entanto, conforme a filosofia do interconectado, me abstenho de tais assuntos por ora, retomando eles de maneira mais profunda e concisa em posts separados e depois unir todos em único post geral, mais sintético, para a compreensão da “big picture“, como discutido na página Sobre

Para saber mais: